quinta-feira, 1 de outubro de 2009

PROMOÇÃO DA SAÚDE DO IDOSO.

Para que possamos compreender a importância da atividade física na promoção da saúde do idoso é necessário analisarmos a correlação entre atividade física e saúde na população humana em geral.
Atividade física sistemática sempre esteve ligada à imagem de pessoas saudáveis e vigorosas. Durante muito tempo coexistiram duas interpretações para a associação de saúde com atividade física. Alguns imaginavam que pessoas geneticamente privilegiadas seriam mais propensas à atividade física por apresentarem constitucionalmente boa saúde, vigor físico e disposição mental. Outros acreditavam que a atividade física poderia ser o estímulo ambiental responsável pela ausência de doenças, boa aptidão física e saúde mental. A literatura científica atual permite concluir que a verdade aparentemente associa as duas hipóteses. Em todos os estudos populacionais sempre existem os indivíduos que se afastam da média, quaisquer que sejam os parâmetros analisados. Pessoas geneticamente privilegiadas sempre existiram e são estas pessoas que se destacam nas diversas atividades humanas. No caso da atividade física, embora nem todos possam ou queiram destacar-se como modelos de desempenho, existe hoje documentação científica de que as pessoas ativas diminuem a probabilidade de desenvolverem importantes doenças crônicas, e melhoram os seus níveis de aptidão física e disposição mental.
Estudos populacionais criteriosos permitiram estabelecer relações de causa e efeito entre atividade física e a menor incidência de algumas doenças, destacando-se a doença coronariana, a hipertensão arterial, diabetes do tipo II, obesidade, osteoporose, neoplasias do cólon, ansiedade e depressão. Alguns estudos associam pouca atividade física com altas taxas de mortalidade por todas as causas, e estima-se que 250.000 mortes por ano nos Estados Unidos da América poderiam ser evitadas por atividade física habitual. Particularmente com relação à doença coronariana critérios epidemiológicos clássicos para associação causal foram atendidos:
Consistência: os estudos quase que invariavelmente associam pouca atividade física com fatores de risco para doença coronariana.
Força: o risco relativo de doença coronariana aumenta 1.5 a 2.4 vezes nas pessoas inativas, níveis semelhantes aos observados para a hipercolesterolemia, a hipertensão arterial e o tabagismo.
Seqüência temporal: a inatividade física tem sido constatada anteriormente ao estabelecimento da doença coronariana.
Dose resposta: a maioria dos estudos demonstram que a incidência de doença coronariana aumenta na medida em que a atividade física diminui.
Coerência: vários mecanismos conhecidos explicam os efeitos da atividade física na redução da incidência da doença coronariana.
Alguns dos efeitos salutares da atividade física são o aumento do HDL-colesterol, a redução dos triglicerídeos, redução da pressão arterial e da tendência à arritmias pela diminuição da sensibilidade à adrenalina, redução da agregação plaquetária e estímulo à fibrinolise, aumento da sensibilidade das células à insulina, estímulo ao metabolismo dos carboidratos, estímulo hormonal e imunológico, redução da gordura corporal devido ao maior gasto calórico e tendência à elevação da taxa metabólica pelo aumento de massa muscular.
Aspecto relevante é que esses benefícios parecem ser comuns à qualquer tipo de atividade física, entendida como contração muscular, geralmente levando ao movimento e sempre com gasto calórico. Assim sendo, são esperados os mesmos efeitos salutares advindos do trabalho braçal, das diversas modalidades esportivas, do lazer com atividades físicas e dos programas sistematizados de condicionamento físico. Qualidades de aptidão como coordenação, velocidade, força, flexibilidade, potência, resistência e parâmetros de condição aeróbia são estimuladas de forma diferente pelas diversas formas de atividade física, mas esses parâmetros não se relacionam especificamente com a qualidade ou magnitude dos efeitos salutares obtidos. Desta maneira, as atividades físicas distinguem-se pelo tipo e grau de aptidão estimulada mas não pelos efeitos na saúde das pessoas. O único parâmetro que mantém proporcionalidade com os efeitos salutares é o gasto calórico das atividades, embora a relação não seja constante. Em outras palavras, quanto mais calorias forem gastas em atividade física habitual maiores serão os benefícios para a saúde, mas as maiores diferenças na incidência de doenças ocorrem entre os sedentários e os pouco ativos. Entre estes e as pessoas mais ativas, a diferença não é grande. O mínimo de atividade física necessário para reduzir a incidência de doenças é de 200 Kcal/dia em média. Assim sendo, atividades mais intensas podem ser realizadas em períodos mais curtos e menos freqüentes, enquanto que atividades menos intensas precisam ser mais prolongadas e/ou mais freqüentes.

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